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Ativista Argentino Esteban fala sobre como construir ações climáticas em solidariedade global

Monday, March 01, 2021 by Thomas Widrow

Esteban Servat é um cientista Argentino que trabalhou no Vale do Silício antes de retornar à província de Mendoza, onde criou uma comunidade autossustentável. Antes de sua chegada, a comunidade local lutou com sucesso contra projetos de mega mineração de multinacionais ocidentais incluindo a Coro Mining e a Barrick Gold. Dez anos depois, o governo da Argentina começou a patrocinar projetos de fracking - de novo para o lucro de multinacionais como a BP ou a Total. Esses projetos destroem as paisagens da Patagonia e ameaçam o modo de vida e a saúde de seus habitantes ao contaminar as preciosas fontes de água. Crianças em áreas com poços de fracking estão morrendo de leucemia em uma proporção de três vezes a da media nacional. Em face dessa ameaça, Esteban se tornou um ativista para parar com os projetos.

Ele foi forçado ao exílio em Berlim em 2019 depois de inúmeras tentativas de intimidação psicológica e física.

Esta é a sua história.

Enquanto Esteban cavava mais fundo no processo do projeto de fracking, ele descobriu um documento que revelava o profundo impacto ambiental do processo. O governo estava encobrindo as evidências e falsificando os resultados dos estudo para que a população local não tomasse ação e lutasse contra os poços de fracking.

Com a descoberta do documento incriminador, Esteban e outros ativistas decidiram criam o Ecoleaks, um website que alojaria documentos confidenciais vazados, expondo escândalos ambientais. Eles então revelaram o documento ao público.

Residentes locais se indignaram e organizaram o maior movimento anti-fracking na história da Argentina. Isso também fez com que o governo prestasse atenção ao ativismo de Esteban. O governo então criou casos criminais infundados para perseguir Esteban e os seus companheiros ativistas e tentar silencia-los. Após uma campanha crescente de violência contra ele e sua família, incluídas ameaças de morte, Esteban se exilou em Berlin, Alemanha.

Quando chegou à Europa, focou na responsabilidade dos países ocidentais no desastre que sua comunidade na Argentina estava enfrentando.

Aqui entram o colonialismo climático e a solidariedade global.

Esteban usa o exemplo do fracking para mostrar como países europeus participam diretamente na destruição do meio ambiente e das pessoas que vivem em comunidades que estão na linha de frente ao redor do mundo.

Grandes petroleiras como a BP, Total e Shell buscam ativamente e até são subsidiadas por governos europeus para que adquiram grandes quantidades de terra na Argentina para que se pratique o fracking enquanto essa prática não é nem mesmo permitida nos países destes governos. Essa é uma continuação direta dos sistemas coloniais de opressão e extração de recursos. Países ocidentais não aplicam os mesmos padrões para seus projetos em outros países que aplicariam para projetos em seus quintais. Isso permite a eles extrair de forma barata e enriquecer às custas das comunidades que estão na linha de frente e que sofrem com as consequências destas práticas.

O que os ativistas de países ocidentais podem fazer para apoiar com solidariedade as lutas de linha de frente?

Existe uma ligação direta entre as lutas da linha da frente, como os protestos contra o fracking em Mendoza, e os países ocidentais. As empresas pertencentes ou localizadas em países ocidentais são as que causam os danos com o apoio dos seus governos.

Existem ações que os ativistas ocidentais podem tomar a um custo muito inferior ao das comunidades da linha da frente, porque estão mais perto das sedes dos que perpetuam os sistemas coloniais e correm menos riscos de perseguição pelo seu ativismo.

Ativistas europeus, por exemplo, devem se organizar para forçar multinacionais a pararem o colonialismo climático. Eles devem entram em contato com as comunidades em linha de frente que estão protestando as extrações destrutivas como o fracking e apoia-los, trazendo o protesto para a porta da casa das empresas e dos governos cúmplices.

E nós sabemos que esse tipo de solidariedade global funciona. Veja este vídeo inspirador da campanha Shale Must Fall na Irlanda. Se você faz parte de uma comunidade na linha de frente enfrentando o colonialismo climático, entre em contato com a XR COP para compartilhar sua história. Conte-nos como os grupos do XR em países ocidentais podem apoiar sua luta e nós nos organizaremos para ajudar em solidariedade.

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Quer saber mais sobre o ativismo de Esteban? Assista a esta entrevista.

Aqui está o link para a Global Witness, uma organização que documenta a violência contra os defensores do meio-ambiente.

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Quer ajudar? O XR COP está angariando fundos para ajudar grupos em comunidades em linha de frente (principalmente em África) a organizar ações no Dia Mundial da Água para chamar a atenção para a poluição da água devido à exploração mineira e a outras atividades econômicas, bem como para a falta de acesso a água potável.

O nosso objetivo é financiar todos os mais de 20 grupos que se candidataram. Ajude-nos a atingir o nosso objetivo de 10 000 euros antes de 15 de março!

Vá para https://opencollective.com/world-water-day-14581f58.

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Sobre a Rebellion

Extinction Rebellion é um movimento descentralizado, internacional e politicamente não-partidário que usa a ação direta não-violenta e a desobediência civil para persuadir os governos a agir de forma justa em relação à Emergência Climática e Ecológica. O nosso movimento é feito de pessoas de todos os sectores da sociedade, contribuindo de formas diferentes com o tempo e a energia que podem dedicar. Temos um ramo local muito perto de ti, e adoravamos ter notícias tuas. Participa …or considera fazer uma doação.